terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Super Doula em Ação! (tã dã)

Venho pesquisando bastante nas últimas semanas que objetos posso levar na minha mala de doula que me auxiliem no momento em que alguma gestante entrar em trabalho de parto.

Uma doula pode ter vários segredinhos para o momento em que as contrações ficarem mais doloridas e intensas, para o momento que a mulher se sentir mais vulnerável. Desde paninhos para secar o suor da testa ou fazer compressas quentes, óleos ou cremes para massagear a lombar, as costas, as pernas, até florais e óleos essências para lidar com a dor emocional, com o medo e a ansiedade.

Por estar nesse mundo da doulagem há pouco tempo, estava (e ainda estou) me deixando levar pela sensação de que eu preciso ter muitos desses objetos comigo para exercer com excelência meu trabalho. Confesso que não vejo a hora de ter a minha malinha completa e sair por aí orgulhosa assim que uma gestante avisar que precisa de mim (só vai faltar a roupa de heroína e uma musiquinha com o slogan no final: “Super Doula em ação!” – tã dã).
Mas recentemente passei por uma situação que mostrou o que é realmente necessário para acompanhar uma gestante em trabalho de parto: confiança em si e no processo.

Fui chamada, às pressas, para substituir uma doula em um parto hospitalar. Já tinha separado alguns objetos “improvisados” para esse momento: uma canga de praia no lugar do rebozo, um vidrinho de óleo de semente de uva e um leque. Na hora, senti medo…  “e se eu precisar de mais coisas?", pensei. Não tinha mais nada… e eu prometi chegar em uma hora no hospital, indo de transporte público. Troquei de roupa rapidamente, coloquei minhas singelas ferramentas de trabalho na bolsa (que ficou tão murchinha, coitada) e saí.

No caminho, um clarão: “bem, se a doula que conseguiu atender ao chamado da colega fui eu, uma razão deve ter. Vou fazer o melhor que puder!”. Poucas vezes na vida me coloquei em uma situação parecida: em qualquer prova que fosse fazer, estudava e estudava muito; em apresentações de trabalhos, lia e relia os textos preparados mil vez em frente ao espelho, ensaiando. Dessa vez, eu não havia me preparado previamente, mesmo assim, me senti confiante.

O bebê nasceu bem. Infelizmente, a mãe sofreu violência no parto. Definitivamente, um hospital não é o melhor lugar para um bebê vir ao mundo, muito menos com uma equipe que não está por dentro das evidências científicas e da boa e velha empatia.

A doulagem transcorreu bem, apesar de nos conhecermos somente naquele instante, apesar de a doulanda chamar pela doula titular nos momentos mais dolorosos em que queria “negociar” a anestesia… de alguma forma a conexão se estabeleceu. E ao depositar confiança em mim, essa gestante me mostrou que eu poderia confiar em mim mesma. No fim, acabei não usando o “rebozo” e nem o óleo, só o leque para aplacar um pouquinho o calor (o da parturiente e o meu, diga-se de passagem).

As gestantes que me escolheram para lhes acompanhar em sua jornada, mesmo eu sendo uma “novata” na área, cada vez que me chamam no whatsapp para sanar alguma dúvida… elas podem não fazer a menor ideia, mas estão me ajudando a fortalecer essa confiança em mim mesma e no processo natural da gestação e do parto.

Minha malinha ainda pode estar murchinha, mas minhas mãos e braços estão prontos para fazer massagens, dar abraços e carinho. Meu coração está pronto para receber com empatia as dores e os medos, os prazeres e alegrias da gestação e do parto das minhas queridas doulandas de agora e das que estão por vir! 

3 comentários:

  1. Parabéns, Raquel, pela coragem, dedicação, carinho e muito amor!

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  2. Lindona, primeiro posts de doula com sucesso!!! Parabéns, que seu caminho seja maravilhoso!

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  3. Linda!!! Boa sorte na jornada! Estamos juntas!

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