Uma doula pode ter vários
segredinhos para o momento em que as contrações ficarem mais doloridas e
intensas, para o momento que a mulher se sentir mais vulnerável. Desde paninhos
para secar o suor da testa ou fazer compressas quentes, óleos ou cremes para
massagear a lombar, as costas, as pernas, até florais e óleos essências para
lidar com a dor emocional, com o medo e a ansiedade.
Por estar nesse mundo da doulagem
há pouco tempo, estava (e ainda estou) me deixando levar pela sensação de que
eu preciso ter muitos desses objetos comigo para exercer com excelência meu
trabalho. Confesso que não vejo a hora de ter a minha malinha completa e sair
por aí orgulhosa assim que uma gestante avisar que precisa de mim (só vai faltar
a roupa de heroína e uma musiquinha com o slogan no final: “Super Doula em
ação!” – tã dã).
Mas recentemente passei por uma
situação que mostrou o que é realmente necessário para acompanhar uma gestante
em trabalho de parto: confiança em si e no processo.
Fui chamada, às pressas, para
substituir uma doula em um parto hospitalar. Já tinha separado alguns objetos
“improvisados” para esse momento: uma canga de praia no lugar do rebozo, um
vidrinho de óleo de semente de uva e um leque. Na hora, senti medo… “e se eu precisar de mais coisas?", pensei.
Não tinha mais nada… e eu prometi chegar em uma hora no hospital, indo de
transporte público. Troquei de roupa rapidamente, coloquei minhas singelas
ferramentas de trabalho na bolsa (que ficou tão murchinha, coitada) e saí.
No caminho, um clarão: “bem, se a
doula que conseguiu atender ao chamado da colega fui eu, uma razão deve ter.
Vou fazer o melhor que puder!”. Poucas vezes na vida me coloquei em uma
situação parecida: em qualquer prova que fosse fazer, estudava e estudava
muito; em apresentações de trabalhos, lia e relia os textos preparados mil vez
em frente ao espelho, ensaiando. Dessa vez, eu não havia me preparado
previamente, mesmo assim, me senti confiante.
O bebê nasceu bem. Infelizmente,
a mãe sofreu violência no parto. Definitivamente, um hospital não é o melhor
lugar para um bebê vir ao mundo, muito menos com uma equipe que não está por
dentro das evidências científicas e da boa e velha empatia.
A doulagem transcorreu bem,
apesar de nos conhecermos somente naquele instante, apesar de a doulanda chamar
pela doula titular nos momentos mais dolorosos em que queria “negociar” a
anestesia… de alguma forma a conexão se estabeleceu. E ao depositar confiança
em mim, essa gestante me mostrou que eu poderia confiar em mim mesma. No fim,
acabei não usando o “rebozo” e nem o óleo, só o leque para aplacar um pouquinho
o calor (o da parturiente e o meu, diga-se de passagem).
As gestantes que me escolheram
para lhes acompanhar em sua jornada, mesmo eu sendo uma “novata” na área, cada vez que me chamam no
whatsapp para sanar alguma dúvida… elas podem não fazer a menor ideia, mas estão
me ajudando a fortalecer essa confiança em mim mesma e no processo natural da
gestação e do parto.
Minha malinha ainda pode estar
murchinha, mas minhas mãos e braços estão prontos para fazer massagens, dar
abraços e carinho. Meu coração está pronto para receber com empatia as dores e
os medos, os prazeres e alegrias da gestação e do parto das minhas queridas
doulandas de agora e das que estão por vir!
Parabéns, Raquel, pela coragem, dedicação, carinho e muito amor!
ResponderExcluirLindona, primeiro posts de doula com sucesso!!! Parabéns, que seu caminho seja maravilhoso!
ResponderExcluirLinda!!! Boa sorte na jornada! Estamos juntas!
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