sexta-feira, 19 de junho de 2015

Apertando o calo

Plenário cheio, doulas, mães, bebês, conselheiros
e usuários do sistema de saúde de Santo André!
Abaixo, dra. Rosa, superintendente do Hospital
da Mulher (HM), esclarecer como está a relação
do Hospital com as as doulas!
Graças ao diálogo e à pressão do movimento
social,  nós doulas somos aceitas no HM desde
setembro de 2014!
Fotos: Sarah Bryce
Dia 18/06/15, quinta-feira, foi O DIA de a sociedade mostrar ao Conselho Municipal de Saúde de Santo André o que precisa ser feito para melhorar a assistência à saúde sexual e reprodutiva da mulher na cidade.


Deborah Delage, membro do Conselho, representando o MDDF e o Maternamente ABC, pediu a pauta, que há muito tempo não era pedida por ninguém do segmento da sociedade (pasmem!) e discorreu sobre a situação do atendimento desumanizado, baseado em vidências e ciência ultrapassada à que nós, mulheres, somos submetidas quando necessitamos de assistência à nossa saúde sexual, no pré-natal, no parto, no puerpério e em situação de abortamento!


Qual o cenário atual? Desafios? O que queremos?
Fotos: Sarah Bryce
O movimento social apertou o calo: leis e iniciativas governamentais nós temos (e de sobra, como a Rede Cegonha e a Política Nacional de Humanização do SUS), mas cadê a prática? Dados sobre episiotomias e cesárias eletivas nós também temos, mas cadê o acesso fácil e irrestrito a esse tipo de informação, principalmente quando se refere ao atendimento em hospitais privados?

Ao final da apresentação, prestigiamos o
último dia de exposição da Semana Internacional
pelo Respeito ao Nascimento organizada pela
Rede Parto do Princípio.
Não estamos apontando o dedo na cara de profissionais em particular, mas sim nas atitudes, nos costumes! Damos chacolhões e mostramos que talvez seja preciso mais do que experiência e tempo de trabalho para promover saúde e boa assistência! É preciso vontade de se reciclar, de buscar evidências científicas atualizadas, de estudar sempre e nunca se conformar, acreditando que o que se sabe é o suficiente, que a forma como se pratica a medicina, a enfermagem etc. é a única forma de ser feito...

Foi uma apresentação para o Conselho de Santo André, mas poderia ter sido em qualquer cidade do Brasil. Afinal, estamos todas no mesmo barco, vítimas de uma péssima assistência e de um sistema que só vai mudar quando não mais ficarmos caladas!

Juntas somos mais fortes!

terça-feira, 9 de junho de 2015

Cosquinhas e chacoalhões - como mudar a assistência ao parto no Brasil?

Uns bons ventos já passaram por essas bandas e mais de um mês se foi sem que uma ideia para um post nascesse em mim! Nesse meio tempo, férias, reflexão, reestruturação fizeram parte da minha caminhada. E agora volto com tudo, plena de algumas certezas e tantas dúvidas que me incentivam a continuar caminhando!

Juntas somos mais fortes e v(o)amos mais longe!
Uma das certezas é inabalável: a necessidade de unir esforços de todos os lados, para impulsionar a mudança. A busca por mais respeito e autonomia no atendimento à saúde no Brasil precisa de todos e de cada um. É claro que as conquistas individuais são válidas, merecem seu mérito, por fazer o trabalho de "formiguinha" necessário para a mudança no corpo à corpo. 

Escrevo aqui  sobre as mulheres que a cada dia, e cada vez mais, estão conquistando (à unha) o direito de gestar e parir com dignidade, respeito e amor. Para elas dedico toda a minha reverência e respeito! Mulheres parideiras, vocês são demais!

Mas - e há sempre um mas - o buraco é mais em cima! E as conquistas individuais representam cosquinhas em comparação ao chacoalhão que precisa ser dado em médicos, legisladores, gestores e instituições. 


O caminho já está sendo trilhado e o que se pode fazer é engrossar o coro de quem já vem gritando a plenos pulmões há um bom tempo. Você já parou para se perguntar o que está sendo feito na sua comunidade para mudar a assistência à saúde, no geral, e a assistência obstétrica especificamente?

Aqui no ABC (SP), região onde vivo e atuo como doula, o grupo Maternamente - um dos braços da Parto do Princípio - vem dialogando diretamente com gestores da região, principalmente no Hospital da Mulher e conquistou diversas melhorias no atendimento: o aceite e respeito ao Plano de Parto, a entrada e permanência de doula (previamente cadastrada) com a  parturiente E o acompanhante. 

Pequenas mudanças como essas vão somando conquistas no dia-a-dia... cada vez mais mulheres estão se empoderando e conseguindo parir dignamente! O trabalho, porém, é para que o atendimento respeitoso valha para todas e não somente para aquelas que estão acompanhadas por doulas e possuem plano de parto!

Nessa semana há uma oportunidade perfeita para quem quer fazer parte desse movimento aqui no ABC: a reunião mensal do Conselho Diretor do Hospital da Mulher, no dia 11/06, quinta, das 10h30 às 12h, no próprio Hospital, na sala de reuniões da Superintendência. Essa é uma das oportunidades de sentar à mesa com autoridades e gestores para apontar falhas ou acertos e contribuir com sugestões e críticas construtivas. 

Vamos nos encontrar por lá? ;)