Talvez seja o meu aniversário que se aproxima e que me deixa a mercê de meus pensamentos confusos. Talvez o outono com suas tardes ensolaradas e frias. Com certeza, tem a ver com o primeiro parto respeitoso que acompanhei desde quando ainda era uma concepção, um plano, até a sua concretização, que fugiu completamente do esperado e mesmo assim - talvez por isso mesmo - foi lindo e arrebatador.
Certamente, um pouco de tudo isso me trouxe até aqui em uma terça-feira quase outonal, meio morna, uma vontade estranha e gostosa de não fazer nada, apenas contemplar. Daí, nasceu uma história dentro de mim, que consegui traduzir em versos, em uma espécie de poema. Aí vão eles, os versos, meus pensamentos, minhas reverências, minhas oferendas aos ventres e ao mar!
Reverência às Águas
Sou de Peixes, contemplo as Águas
Quem controla os fluxos?
Quem ousa controlar o Mar?
A força da Natureza arrebata
Quem já se deixou levar por Ondas e Marolas

E num susto, as profundezas, a calma do Mar
Por um canto de Sereia fui chamada
Um mergulho às cegas e já não era mais
Apenas fluía
Um convite para me despir
De tudo o que fora antes
Apenas estar ali e reverenciar
A potência, a leveza das Águas
Que rebentam misteriosamente
Num minuto, contenção
No seguinte, libertação
Por um canto de Sereia fui lembrada
Que viera dali e para lá retornaria
Os mistérios das Águas
Gaia e seus movimentos circulares
Gaia e suas Águas fluentes
Gaia e seus Filhos a nascer do Mar
Tamanha a potência das Águas
Tamanha a força da Natureza
Só me resta estar ali e reverenciar
Gaia guarda em seu Ventre um Rio, um Mar
Gaia dança alegremente, mais uma Vida a pulsar
Gaia contém as Águas
As Águas fluem para o Mar
Mais uma Vida, um eterno retornar
Agradeço, reverencio, contemplo
O chamado, o retorno
O Ventre, a Vida, as Águas e o Mar
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